quarta-feira, 2 de abril de 2014

A Realidade da Desigualdade


Hoje ao andar de ônibus presenciei um dos discursos mais emocionantes que já ouvi em minha vida, confesso que cheguei em casa com os olhos marejados e louco para divulgar as palavras de um simples motorista de ônibus. Mas antes de divulgar essas palavras gostaria que analisassem este artigo da constituição federal:

"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade."

Um senhor de aproximadamente 80 anos entrava no ônibus e atravessava a roleta quando o motorista pediu que este sentasse ao primeiro banco, ao seu lado para que em caso de uma freada brusca poder ajudá-lo imediatamente, o discurso que se segue não será escrito com perfeita exatidão pois não me preocupei em anotar e sim em ouvi-lo, uma lição de vida em pleno ônibus.

"Senhor sente-se aqui pra caso haja uma freada brusca podermos te ajudar, caso esteja no fundo do ônibus não terei como ajudá-lo. Sei o que é ser discriminado e não estenderem a mão para nós, sou motorista de ônibus e sou discriminado diariamente, acham que por vir da favela não é boa pessoa. 

E não é só pela favela não, não respeitam sua classe, sua cor, sua opção sexual, tudo é motivo para preconceito.

Nem toda pessoa que vem da favela é bandido não. Criticam muito também a polícia e falam que é uma porcaria, não é assim que funciona, um ou outro sempre destoa mas não podemos generalizar, isso é um grande problema cultural no Brasil e acho que não vão solucionar nunca. 

O povo primeiro julga, para depois ver a realidade, quem me vê sentado aqui acha que não tenho formação alguma. Julga que sou só um motorista, eu tenho sim, sou formado em administração, também fiz um curso de *não ouvi qual era* , só abandonei meu emprego de administrador pois não suportava mais sentar diariamente em frente a um computador, ficar preso, só fazendo cálculos e relatórios. 

Deveriam aprender que todos tem seu valor, e que ninguém merece ser maltratado, acham que não temos valor algum."
                                                                                                                           - Alexandre Silva da Costa



Veja bem leitor , gostaria de propor que reflita sobre o artigo , que reflita sobre o fato de todos serem iguais, todos possuírem a liberdade e igualdade prometidas em nossa constituição.


Nesse post não exibirei minha opinião sobre o fato diretamente, apenas achei válido expor as palavras de um cidadão sobre o momento em que vive, sobre como está a situação de nosso país.

Um comentário:

  1. O Direito é um instrumento de poder, sem dúvidas. Mas acima de tudo - correndo o risco de ser poético, ingênuo ou até pretensioso demais - creio que o Direito é um instrumento de transformação social. Aquele homem que estava a frente daquele ônibus possui uma história de vida, possui defeitos, qualidades, família, ele veio de algum lugar e vai para outro lugar. Ele possui anseios, desejos e coragens. Mas ainda sim há quem entre naquele ônibus e não respeite como pessoa, como igual. É o mesmo preceito para com o homoafetivo, o negro, o pardo, o branco, às mulheres, somos tão iguais que é medonho ler, ver ou ouvir alguém ignorar nossas semelhanças, ignorar um senso de empatia, compaixão e solidariedade. Dói ver pessoas apoiando supremacia de raças, apoiando torturadores, apoiando políticas de segregação social. O Direito sem dúvida é uma arma de poder ostensivo enorme, e que viabiliza todas essas desigualdades e pode até proteger esses preconceituosos e desumanos, mas também é o Direito que pode denunciar, coagir e educar para que as coisas mudem para melhor.

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